Entre luzes e sombras: A trajetória da atriz paraibana Futura Leonardo

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Por Gabrielly Farias

Futura Leonardo, uma jovem atriz de 25 anos, é uma figura cativante e apaixonada pela arte da atuação. Nascida e criada na vibrante cena cultural de Campina Grande-PB, ela mergulhou de cabeça no mundo da interpretação, explorando teatro, cinema e até mesmo um pouco de publicidade. Sua jornada começou de forma peculiar, influenciada pelo vasto acervo de filmes que seu pai costumava trazer para casa. Desde então, Futura foi cativada pelas emoções e questionamentos que o cinema despertava em seu interior “Chegou um ponto em que alguns filmes mexiam muito comigo, e eu ficava muito intrigada com a ideia de que aquilo eram expressões devido à atuação, de que aquelas pessoas eram personagens, ou seja, tudo era montado para acontecer.”

Para ela, a transição da revolta inicial para a compreensão da arte da atuação foi uma jornada reveladora. Através de sua participação em projetos teatrais, ela encontrou oportunidades para explorar sua criatividade e desenvolver suas habilidades como atriz. Foi sob a orientação da Eliane Lisboa, professora de Arte e Mídia da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), em um curso para alunos do ensino médio na Escola Estadual da Prata, que ela deu seus primeiros passos no teatro, mergulhando de cabeça em um projeto de pesquisa teatral que abriria portas para sua carreira. Em meio à conversa descontraída, a atriz compartilha memórias de sua primeira atuação em um palco de teatro físico. As palavras fluiam com uma mistura de nostalgia e gratidão, revelando não apenas o desafio enfrentado, mas também o crescimento pessoal e profissional.

Lembro bem da primeira vez que subi ao palco diante do público, eu tinha 16 anos. Foi quando interpretei um personagem que caía de uma escada, na peça ‘Conversas com um Carrasco’. Nos ensaios, meu joelho ficava machucado, mas continuei. Quando caí da escada na hora do espetáculo, senti uma ansiedade muito grande, mas consegui me controlar e seguir em frente. Aos poucos, percebi que com o tempo a confiança aumenta.

Em seu currículo, o filme O que Resta, de Nathan Cirino, se destacou internacionalmente, sendo exibido em vários países, como Índia, Chile e Espanha, além de participar de diversos festivais no Brasil. Apesar disso, ela se preocupa com o reconhecimento das produções locais. No teatro, a peça “Transmedéia“, baseada na história de Medéia, abordou questões de gênero e foi uma experiência marcante para Futura, abrindo portas para novos projetos.

A atriz durante as gravações de O que Resta (Créditos: Acervo pessoal)

A série Cangaço Novo também foi importante em sua trajetória, representando sua entrada no mundo das grandes produções televisivas. Ver a feira local se transformar em cenário para a produção nacional foi emocionante para ela, e isso a fez refletir sobre os desafios de seguir na indústria audiovisual e a importância de persistir e ocupar espaços.

Enquanto enfrenta os desafios do cenário, Futura continua buscando oportunidades para contar boas histórias e deixar sua marca na indústria. Ela encontra inspiração em obras cinematográficas como Incêndios, Mommy, Irreversível e A Ghost Story,

Embora reconheça os desafios e as incertezas que permeiam sua profissão, Futura está determinada a seguir adiante, construindo uma carreira sólida e contribuindo para o crescimento do cenário artístico paraibano. Sua perspectiva é otimista, sua determinação inabalável, e seu amor pela arte da atuação continua a guiá-la em sua jornada rumo ao sucesso e reconhecimento.

Em suas reflexões, ela destaca o desafio de quebrar estereótipos de gênero e lidar com a predominância masculina nos bastidores. Para ela, o espaço é muitas vezes permeado por uma atmosfera masculina, onde diretores e profissionais-chave são predominantemente homens, o que pode levar a uma dinâmica desigual e, às vezes, infantilizada.

A atriz atuando no teatro (Crédito: Acervo pessoal)

Apesar de nunca ter sofrido assédio, Futura observa que a conversa muitas vezes se torna tão masculina que a presença da atriz é esquecida ou ignorada. Ela reconhece os estereótipos em torno dos papéis femininos, frequentemente relegados a personagens problemáticos ou maternais, e anseia por interpretar personagens mais independentes e complexos.

Além de sua dedicação à atuação, Futura tem interesses diversos, incluindo estudos de anatomia, antropologia, natação e defesa dos direitos dos animais. Como vegana comprometida, ela não apenas se abstém de consumir produtos de origem animal, mas também defende com veemência o bem-estar animal. Sua paixão pela arte não se limita apenas ao palco: “Desde que comecei a nadar, tornou-se uma parte fundamental da minha vida, tanto competindo quanto não. Além disso, tenho grande interesse em ciência e leio muitos livros sobre o assunto. Exploro temas como anatomia, genética e DNA. A questão da minha alimentação vegana é simples: não quero fazer parte do consumo de produtos de origem animal e detesto qualquer tipo de crueldade contra os animais” salientou.

Seu conselho para artistas iniciantes é claro:

A importância está em tomar posse do que é seu, sendo realista apesar da subjetividade. Apesar das dificuldades no mundo da arte, é possível alcançar maestria ao se permitir estudar, observar e moldar-se constantemente. É preciso valorizar seu próprio trabalho, não se deixando diminuir pelo pouco que é oferecido, e buscar oportunidades mesmo em ambientes desafiadores, mantendo a humildade para filtrar e analisar possibilidades.

Em um cenário cultural onde o financiamento é escasso e as oportunidades são limitadas, Futura mantém sua determinação em contribuir para a cena artística local e continuar sua jornada como artista multifacetada.

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