O pop nordestino no cinema de Guel Arraes
Por Gidel Silva
Como tornar um filme clássico?
Adicione os seguintes ingredientes: um romance à moda antiga, namoros no carro, encontros no cinema, uma mocinha apaixonada por filmes de romance, um pai protetor, um carioca, um artista de rua mulherengo e um elenco de artistas profissionais. Lisbela e o prisioneiro é desses filmes de comédia romântica que faz você prestar atenção nos detalhes do início ao fim. Afinal, quem nunca se imaginou vivendo um amor de cinema?
Gravado em Recife no ano de 2003, e dirigido por Guel Arraes, natural de Recife, foi produtor de filmes de grandes sucesso como O Auto da Compadecida, o drama apresenta as aventuras vividas por uma mocinha já prometida em casamento, mas que se vê dividida no amor ao esbarrar com um malandro, conquistador e aventureiro.
O filme começa apresentando um casal de noivos formado por Lisbela (Débora Falabella), uma jovem apaixonada por cinema e pelos galãs apresentados nas telonas, e por Douglas (Bruno Garcia), um “metido a carioca” que acaba de voltar à sua cidade natal. Eis que o malandro e mulherengo Leléu (Selton Mello) chega à cidade de Lisbela fugido do matador Frederico Evandro (Marco Nanini), que o persegue ao descobrir a traição de sua esposa Inaura (Virgínia Cavendish) com ele.
Leléu é um viajante, meio artista e meio trambiqueiro, que vive de cidade em cidade atrás de dinheiro e de mulheres, mas que se vê em perigo após o envolvimento com Inaura. Frederico decide matar Leléu e parte numa perseguição em busca de cumprir seu objetivo. O que não se espera é que, durante a trama, por não ter visto o rosto do parceiro que estava com sua esposa, Frederico desenvolve uma amizade com seu inimigo, o que traz mais confusão para o filme. Lisbela e Leléu se apaixonam depois de um encontro mágico e passam a ter que enfrentar, além da perseguição de um matador, a raiva do ex-noivo e de um pai inconformado.
Mais de 20 anos após o lançamento, o filme ainda é um marco para as gerações que gostam da estética de cidade antiga típica dos romance em que mocinha está prometida para mocinho mas não está apaixonada por ele, até que surge um garoto rebelde que rouba toda a atenção dela.
Cheio de reflexões sobre as diversas formas de amar, Lisbela e o Prisioneiro carrega em si várias homenagens ao cinema e aos cinéfilos. Além disso, para os amantes de trilha sonora, a seleção de músicas e intérpretes proporcionou uma atmosfera única ao filme. É possível encontrar o álbum com a trilha sonora nas plataformas de música. Já o filme você pode encontrar gratuitamente no YouTube, pois não se encontra em nenhum serviço de streaming no momento.
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